Entrevista com Luiza Vilela e o projeto acervo de Mulheres quadrinistas por Gabriel Bernardo
- Gabriel Bernardo
- 20 de out. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de dez. de 2020
Gabriel Bernardo nos apresenta Luiza Vilela, jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pesquisadora e incentivadora das mulheres quadrinistas brasileiras e estrangeiras. Luiza montou um acervo online importantíssimo de produções e vidas das mulheres desenhistas, literatas e quadrinistas!
Antes de ler a entrevista, confira o site: http://phantomladies.com.br/ para conhecer um pouco!

Gabriel : O que a levou a se tornar uma jornalista? Foi um sonho desde pequena?
Luiza: Eu sempre gostei muito de ler, mas principalmente de escrever. Gostava de contar histórias, noticiar as coisas. Era uma paixão mesmo. Mas o que realmente me levou a esse caminho foi a minha mãe, que era editora de livros infantis. Eu visitava a editora na qual ela trabalhava com frequência e ficava entre os jornalistas. Via os telefones tocarem, as pessoas digitarem as matérias. Muitas vezes tirava o dia inteiro para ler as reportagens e eles me consultavam para ver a qualidade do texto.
Como eu gostava muito de português, vez ou outra corrigia os textos deles também. No fim, acabei tomando gosto pela coisa e embarquei na faculdade.
Gabriel: Agora em relação ao PHANTOM LADIES qual foi seu objetivo ao criar o site?
Luiza: O Phantom Ladies foi o meu projeto de TCC, mas nasceu muito antes do último ano da faculdade. O objetivo que eu tinha com ele era principalmente criar um espaço que fosse unicamente feminino, voltado apenas às produções das mulheres. Foi uma forma de provocação, porque hoje — sem necessariamente ter essa intenção — existem blogs, sites, revistas e até mesmo lojas que só trazem conteúdo masculino, feito e produzido para homens, como se o quadrinho não pertencesse também às mulheres. É um ambiente muito machista e eu, fascinada por quadrinhos desde pequena, ficava bastante incomodada com isso.
A ideia era trazer para um site especializado uma série de críticas literárias e entrevistas, para mostrar quem são as mulheres que produzem quadrinhos, onde elas estão, como produzem suas histórias. Dar uma visibilidade grande e definir um espaço só delas.
Gabriel: Tem alguma obra, texto, quadrinho que você gosta em especial?
Luiza: Tenho muitos quadrinhos que amo. Um dos que mais me marcou foi Persépolis, da Marjane Satrapi. Ele conta a história do crescimento dela (é uma autobiografia) em conjunto com a Revolução Iraniana. É um clássico e foi ele que me trouxe para os quadrinhos mais literários. Outro que me brilha os olhos são "Você é Minha Mãe?" da Alisson Bechdel e "Desconstruindo Una".
Gabriel: quais são suas futuras ideias/planos como jornalista e criadora do site?
Luiza: Agora em 2020 ficou tudo muito incerto, não sei muito bem como ficará toda a questão do planejamento do site, as novas entrevistas. Eu pretendo continuar atualizando o Phantom Ladies no ano que vem, contatar mais artistas e editar as entrevistas que já tenho comigo e ainda não foram ao ar. Quero trabalhar na área de jornalismo geek focado ao rádio, falar cada vez mais sobre esse assunto e marcar presença nos ambientes tipicamente masculinos desse ramo para mostrar a voz das mulheres.
Gabriel: Gostaria de falar algumas palavras aos que sonham em se tornam quadrinistas?
Luiza: Se tornar quadrinista não é um sonho, é uma realidade. Não tem faculdade que te caracterize como quadrinista: se você tira um tempo da sua vida para produzir um quadrinho, uma charge que seja, você já é quadrinista. Começando por aí, o resto vai se desenvolvendo!
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