Ignez Sabino Pinho Maia - escritora baiana do século XIX por Artur Nascimento
- Artur Nascimento
- 8 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
"Não escrevo para matar o tempo: não escrevo para traduzir pensamentos ligeiros e fúteis, não. Eu escrevo por necessidade moral, physica, psychologica e intellectual. Não tenho a pretensão de ser impeccável, não tenho a veleidade de julgar-me talento quando estou abaixo da mediocridade. Eu escrevo como uma obscurissima amadora, por isso sejão benévolos para comigo [...]" p. 309
Destacamos um trecho das palavras de Inez Sabino em "Contos e lapidações" (publicado pela Laemmert em 1891) para vocês leitores sentirem a força das suas palavras. Incrível, não?
Maria Ignez Sabino Pinho Maia nasceu em Salvador, BA, em 31 de julho de 1853 e faleceu em 13 de setembro de 1911.
Poeta, contista, romancista, memorialista e biógrafa brasileira nascida em Salvador, na Bahia, cujo nome é lembrado por sua ação na luta pelos direitos femininos. Desde pequena demonstrava-se bem dotada para as letras...
Ainda criança mudou-se com a família para Pernambuco e depois, por vontade do pai, foi estudar na Inglaterra. Com o falecimento do pai, retornou a Pernambuco onde começou a ser discípula do filósofo Tobias Barreto. Fez parte da sociedade abolicionista Aves Libertas, que tinha somente mulheres como membros, fundada por Leonor Porto.Casou-se com o português Francisco de Oliveira Maia,comerciante no Recife, e desse casamento teve uma filha. Mudou-se para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro.
Inês demonstrava preocupação com a falta de visibilidade e a condição das mulheres na sociedade brasileira e nesse período lançou seu livro mais famoso, Mulheres Ilustres do Brasil (1899), um pequeno dicionário biográfico publicado pela Editora Garnier, um livro com biografias de várias brasileiras, em várias profissões e histórias de vida. Um trabalho de pesquisa de grande importância histórica, especialmente literária, que resgatou informações e ilustrações sobre muitas brasileiras que poderiam estar esquecidas para sempre.
Estreou na literatura com o poema Ave libertas, uma estreia promissora e sobre a causa abolicionista. Obteve grande consagração do público, quando a grande atriz Ismênia dos Santos o recitou no Teatro Santa Isabel, no Recife (1887). Publicou Rosas Pallidas e Impressões (1887) e mais três livros de poesia. Além de publicações em livros, também escreveu inúmeros artigos em periódicos, especialmente os dirigidos por mulheres, e em revistas e jornais. (Fonte: DEC.UFCG/edu.)
Leiam um poema de Ignez Sabino, publicado em "Rosas pálidas: poesias", de 1886 e reflitam sobre esse 2020… fomos obrigados a pensar na vida e na morte, não é mesmo?
Flores murchas
(à Mariana de Almeida)
Como as flores que vivem um só dia
Ao sopro do calor da luz das salas
Frágeis desbotam as robustas galas
Perdendo bela cor que as revestia...
Assim exausta aos poucos cessa a vida
Tudo cede ao poder do permanente
Tufão, destruidor que, de repente,
Prostra a seiva do sangue amortecida.
Pois tudo que nasceu há de render-se
A essa lei fatal intransigente
Que destrói e corrompe consciente
A vida, o ar e a flor que, ao desfazer-se,
Pendendo sobre a haste agonizante,
Bem viu que a vida dura um breve instante.
Obra:
Poesia
Rosas pálidas: versos (1ª série). Pernambuco:, 1886.
Impressões versos. (2ª série). Pernambuco: Typographia Apollo, 1887, 151p.
Contos
Contos e lapidações. (contos e poesia) Rio de Janeiro: Laemmert & C., 1891.
Noites brazileiras. (contos).. (Divisão de Obras Raras, Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro). Rio de Janeiro: H. Garnier, 1897.
Romance
Luctas do coração. [prefácio de Alberto Pimentel]. Rio de Janeiro: Jacintho Ribeiro Santos, 1898, 277p.; Porto: Imprensa Moderna, 1898; Lutas do coração. Florianópolis: Mulheres; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 1999.
Biografia
Mulheres Illustres do Brazil. [prefacio de Arthur Orlando]. Rio de Janeiro; Paris: Editora Garnier, 1899, 280p.; Edição fac-similar. Florianópolis: Editora Mulheres, 1996.
Pesquisa feita através do site:
Caso queiram saber mais sobre a vida de Ignez Sabino, aqui vão algumas referências:
PERSPECTIVA DESCOLONIAL NO ROMANCE “LUTAS DO CORAÇÃO”, DE INÊS SABINO de Antonia Rosane Pereira Lima (UEFS): https://abralic.org.br/anais/arquivos/2017_1522184851.pdf
Inês Sabino e as personagens femininas na Belle Époque https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/view/15101/9992
Comments